Wednesday, July 25, 2007

Sobre como dormir em aeroportos e outras aventuras



Resumindo a história, eu precisava ir até a Inglaterra para depois entrar de novo na Holanda e assim renovar o meu visto. Como fazer isso da maneira mais barata possível?

1) Ryan Air. A passagem, em si, custou 2 centavos - ida e volta. Mas com as taxas de aeroporto, etc, etc, tudo ficou por 25 euros. O mais barato que existe, sério. O que mata na Ryan Air são essas coisas de aeroporto secundário: o trajeto Londres/Amsterdam se transforma num inexplicável Standset/Eindhoven.

2) Calote no metrô para chegar da minha casa até o ponto de carona. Custo zero.

3) Carona. De Amsterdam até Eindhoven são só umas duas horas de viagem, mas aqui duas horas de viagem significa cruzar o país inteiro. Literalmente. Então preparei o meu dedão na terça feira de manhã e fui pedir carona no Ponto Oficial de Carona da cidade. Nos primeiros 15 minutos eu até sorria. Depois veio o frio. Depois veio a chuva. Depois vieram outras pessoas pedir carona no ponto junto comigo e elas consguiram primeiro do que eu. Aí veio mais chuva. Aí veio a minha carona, finalmente!!! Um ônibus de turismo que estava voltando vazio pra Bélgica. Carona nota 10, me deixou na porta do aeroporto e ainda faturei uma cerveja belga de brinde. Custo zero + brinde.

4) Até aí as minhas contas estavam em 25 euros. Mosquei no aeroporto durante infinitas horas. Cinco horas e meia, para ser exata. Pacotinho de Pringles: 2 euros. Outra coisa da Ryan Air é que você tem que fazer o check in com 2h de antecedência. Mesmo. Não tem essa de atrasar, não. Atrasou , perdeu. Então, exatamente 30 minutos antes do vôo decolar o avião surge do nada, pousa na pista, os passageiros saem, as malas saem, os novos passageiros entram, as novas malas entram. Decola de novo, sem atraso, sem delongas, tudo no limite.

5) No avião da Ryan Air nem copo d'água é de graça. Se eu reclamava da barrinha de cereais da Gol, alô Ryan Air... Bebi água da pia mesmo. Custo zero.

6) Chego na Inglaterra. O pesadelo da imigração a todo vapor, o interrogatório é tão burocrático quanto para entrar nos EUA. O funcionário mau-humorado cisma com brasileiro. Pergunta daqui, pergunta de cá, quase quase não deixando eu entrar, insinuando que eu era imigrante ilegal o tempo todo. Eu dou uma de idiota e falo um monte de asneira. Ele se compadece e só pergunta no finzinho: você não vai dormir no aeroporto não, né? TÓÓÓIIIMMMM!!!! Dou uma risadinha com cara de idiota: claro que não, senhor! Ele deixa eu entrar mas diz que está fazendo uma anotação na minha ficha: da próxima vez, se eu não aparecer com uma reserva de hotel, um motivo decente e rios de dinheiro pra mostrar eu não entro lá, não. Custo zero mas com o cu na mão.

7) Fico zanzando no aeroporto. Morrendo de fome. Ficar com fome em pound no aeroporto é tudo o que você não quer pra sua vida!!!! Traduzo os preços rapidamente pra real e infarto devagarinho. Por fim, compro uma maçã. UMA. No cartão de crédito!!! Custo: 0,49 pounds. A prazo.

8) Vai entardecendo, o movimento diminui um pouco e já vou estendendo meu cobertorzinho no chão, do ladinho do desembarque - porque o setor de chegada dos aeroportos sempre são melhores que o setor de saída. Sério mesmo!!! Perto de mim umas outras 20 pessoas dormindo nos bancos, em sacos de dormir, em colchãozinho inflável... Só profissionais. Um casal de espanhóis do meu lado faz uma jantinha frugal e encara beber a água caliente que sai da pia do banheiro. Profissionais mesmo. Umas crianças brincando lá no fundo como se fossem donas do aeroporto. Os seguranças eu nem vi, eles realmente ignoram a gente. A luz na cara é a pior coisa da noite, junto com o pessoal da limpeza e suas máquinas super barulhentas. Saldo da noite? Custo zero.

9) Check in da Ryan Air às 4 e meia da manhã: eu joguei tomate podre na cruz porque só pedra não ia me trazer isso... Não vou nem falar o tamanho da fila. Pelo menos, custo zero.

10) Embarco no avião e a soneca de menos de uma hora do vôo é a coisa mais gostosa do dia. Chego em Eindhoven, um cão farejador bobalhão faz festinha em todos os passageiros. O policial segurando a guia é um holandês bonachão com a pele cor-de-rosa, que no início tenta fazer o cachorro se comportar como um cão farejador e não como um totó brincalhão. No fim das contas ele desiste e fica brincando com o cachorro também. Surreal. Mas vamos combinar que achar um passageiro portando maconha e cogumelo não ia dar em nada, né? O controle da imigração na Holanda é a coisa mais tranquila do mundo: um rapazinho me cumprimenta do outro lado do balcão, carimba o passaporte e me deseja bom dia. Custo zero feliz da vida.

11) Eu já sabia de antemão que Eindhoven é a pior cidade da Holanda pra pegar carona. Ainda que eu pegasse, eu só conseguiria ir pro sul: Maastrich, Bruxelas, etc. Para voltar pra Amsterdam, no norte, minhas opções eram o ônibus expresso ou o trem. O ônibus era dois euros mais caro que o trem. Decido pelo trem e faço assim:

11.1) Calote no ônibus do aeroporto até a estação de trem. 20 minutos e custo zero.

11.2) Malandramente compro um ticket para a primeira estação de Amsterdam no caminho de Schiphol. Sai dois euros mais barato que comprar direto pra Amsterdam e já prevejo o calote no tram 5, como é de praxe. Morro em 15 euros nessa brincadeira.

12) O trem está com o horário atrasado e eles anunciam que vão pular a estação para a qual eu comprei o bilhete. Sorte danada, paro num lugar ao lado meu antigo alojamento. Dá tempo de ir no supermercado e dar calote no tram até o centro da cidade. Compro uma vitamina de morango com aveia, meio litro, e isso me salva o dia. 79 centavos.

13) Cansada resolvo dar um calote no ônibus ao invés de ir andando pra casa. Esse é o ônibus mais difícil de dar calote: espero ele parar no ponto final e enquanto os passageiros desembarcam e os outros embarcam, me meto na confusão e sento quietinha lá atrás: custo zero.

Thursday, July 19, 2007

Egotrip


Os auto-retratos são uma ótima oportunidade de fazer carão e ninguém falar nada... (e uma vozinha lá no fundo falando: "tente, invente, faça um carão diferente...")

Wednesday, July 18, 2007

Música Holandesa

para aqueles que sempre se perguntaram (?!??!?!?!) "como é a música holandesa, afinal?", aí vão uns links... É, eu sei, é podrão mesmo...

http://www.jeroenvanderboom.nl/pages/showreel.html (popzinho jovial, equivalente ao Skank mais ou menos - sem trocadilhos, hehehe)

http://www.youtube.com/watch?v=RjCFitHdvEk (esse é o Roberto Carlos daqui. Repare as pessoas chorando no show...)

http://www.youtube.com/watch?v=FzCsiGkSBec (esse é o D2 daqui. Além dessa coisa hip hop ele representa a comunidade marroquina num panorama social, cultural, etc e tal..)

Agora, se você é um holandês com menos de 25 anos , bochechas rosadas e se considera ultracool, esse é o seu som:

http://www.youtube.com/watch?v=pPTms-pBnR0
http://www.youtube.com/watch?v=QSIFvtn1uHA
http://www.youtube.com/watch?v=womFrEzka4A

Friday, July 13, 2007

Quebrando o código - google

Eu não tenho computador aqui. E nos computadores da faculdade eu não posso instalar nenhum programa. Como, então, baixar mp3?

Pelo google.

Não funciona 100% mas é no mínimo interessante. Hoje por exemplo eu peguei o último do Artic Monkeys inteirinho... Mais em http://www.jimmyr.com/mp3.php

Quebrando o código - correio

Descobri uma maneira prática e completamente funcional de utilizar os serviços do correio gratuitamente. O fato de isso ter funcionado de verdade e a perspectiva de mandar correspondencias internacionais a custo zero quase me fazem pensar que estou virando tipo um "gênio do mal" quando o assunto é pão durice .

Sem delongas, funciona assim: grandes empresas e orgãos estatais normalmente têm um contrato com o correio para o envio massivo de correspondências. Então eles imprimem no envelope algum aviso do tipo "porte pago" e/ou um código de barras para identificação. Quando esse envelope chega no correio, o processamento é praticamente automático, a correspondência é despachada e a fatura de cobrança vai para a empresa, onde se perderá no meio de um milhão de faturas idênticas previstas por contrato.

Tudo o que precisa ser feito é achar um envelope desses. Como achá-los? Correspondências comerciais padrão - cartas de banco, malas diretas, até os envelopes do serviço de imigração servem!

Na maior cara de pau do mundo, o seu trabalho é recortar o pedaço que te interessa (aviso de porte pago/ código de barras), colar em um envelope comum e colocar a sua carta dentro. Não precisa nem se preocupar com uma falsificação bacana, acredite, não vão nem reparar: o último que eu enviei estava remendado com esparadrapo. Ou então você usa o mesmíssimo envelope ao invés de recortá-lo, só mudando o endereço do destinatário. Eu prefiro colocar um remetente fictício ou deixar o remetente original (exemplo: banco tal, prefeitura de sei lá da onde, etc) do que colocar seus dados verdadeiros. Nunca se sabe, né?

Bizarrices

OK, eu moro em Amsterdam. Isso me fazia crer (bobinha!) que já tinha visto de tudo nessa vida, mas a televisão pega a gente de surpresa de vez em quando. Então eu vi esse documentário sobre a vida sexual dos furries e, caramba, de repente as modalidades sexo com estátuas e sexo com porcos mortos começaram a parecer bobagens inocentes: pra mim, o que há de perversão nesse mundo são os furries ! Mas eu sou pura demais pra explicar os detalhes sórdidos e boba demais para entender a filosofia pró-antropomorfismo. Teve um episódio do CSI também falando sobre furries... Alguns links educativos pra quem quiser se aprofundar no assunto:
http://www.youtube.com/watch?v=b8x6SE6BJL0 (video curtinho produzido pela BBC)
http://www.youtube.com/watch?v=cDtpQnlaNps (furries no Jimmy Kimmel Show)
http://www.youtube.com/watch?v=Htq3FwZ1mw8 (parte 1 de 3 - documentário extenso sobre furries)
http://furnation.com (os blogs falam por si próprios)
http://en.wikipedia.org/wiki/Furry_fandom (a boa e velha wiki dá as linhas gerais)

Wednesday, July 11, 2007

Clueless

Americanos são sem noção demais, cara. Outro dia no tram:

"ABN-AMRO? Whatta fuck is that?"
"Oh, must be like a local bank or something"

Ahm-ahm!!! É o 13 maior banco do mundo e tem representação em 53 países... Local bank aonde, ianque?!?!?!?

Tuesday, July 10, 2007


Não falei que estou ficando fera na jardinagem? Eu que plantei...

Monday, July 9, 2007

Trash

É completamente possível se montar uma casa do lixo por aqui. As pessoas jogam absolutamente tudo no lixo. O amigo de uma amiga faturou um laptop. Eu já tenho uma torradeira e uma cafeteira. Meus vizinhos têm uma máquina de espresso. Colchões, sofás, fornos são itens corriqueiros. Tudo em ótimo estado. Gosto de dizer que estou contribuindo para a coleta seletiva e reciclagem: pobreza, jamais! Ecologia, sempre!
CULINÁRIA

Eu me supero a cada dia na cozinha, sinceramente. O último grande feito do fim de semana foi o bolo de aipim. Na verdade, houveram dois, pois para atingir a perfeição se leva tempo.

O primeiro bolo não tinha açúcar, pois aparentemente os húngaros resolveram praticar uma dieta mais saudável e pararam de comprar açúcar para a cozinha. Claro que o bolo ficou uma bosta. Então eu resolvi comprar açúcar para o segundo bolo, mas adivinha, aparentemente os húngaros resolveram praticar uma dieta mais saudável e nesse meio-tempo alguém roubou todos os meus ovos. Então o segundo bolo de aipim, que por sinal ficou muito bom, foi sem ovos e sem aipim. Sem aipim porque aqui não tem aipim, cara-pálida. Substituí por amido de tapioca e não é que deu certo?

Pra quem quiser se aventurar...


Bolo de aipim europeu

1 e 1/2 xícara de farinha de trigo (fica bem melhor se o trigo for daqueles com fermento. É dificilímo achar pó royal aqui!)
1 xícara de amido de tapioca (é uma farinha bem fininha, costuma vender nos mercados orientais)
100g de margarina (ou 50g, também funciona. Ou óleo, também funciona)
1 ou 1 e 1/2 xícara de açúcar (o açúcar é a única coisa que realmente faz falta. Experiência própria!!!)
100g de côco ralado (ou menos, ou mais... Dá pra fazer sem côco também...)
1 xícara de creme de leite (substituível por leite puro)
1/2 xícara de leite (com leite de côco deve ficar melhor ainda, mas isso encarece muito a receita)
2 ou 3 ovos (Opcionais, completamente opcionais...)

Bater tudo até misturar bem e assar. Vamos combinar que batedeira e liquidificador são luxos desnecessários, Deus te deu braços pra quê, meu filho? E como o meu forno está quebrado levou 1 hora pra assar, mas num forno decente eu acho que deve levar uns 20 ou 30 minutos.

Rendimento ( longe dos húngaros, senão não sobra nada) : 1 tabuleiro pequeno.

Moral da história: tudo é substituível. Nunca deixe de fazer um bolo por motivos bobos como "faltou ovo", "faltou açúcar", "faltou fermento"... E, por precaução, mantenha sempre itens de alta demanda como açúcar e ovos longe da vizinhança húngara.

Friday, July 6, 2007

Fashion Zero

Muito se falou dos skinny jeans, do slim fit, e Victoria Beckham isso e aquilo, tamanho 0 e blablabla, mas olha, a realidade fora do Catwalk eh bem diferente... Tamanhos enormes, gigantes, costumam assolar as lojas. O que, por um lado, me deixa muito feliz da vida, é tudo o que a última temporada de dieta sempre quis... Euzinha, flutuando onírica entre os tamanhos small e extra-small... Mas, por outro lado, vamos combinar que comprar lingerie na seção infantil é um pouco deprimente, né?

Aliás, lingerie eh um caso a parte. O que há de brega no mundo da lingerie encontra espaço na europa... As calcinhas pertencem, basicamente, a duas categorias:



1) calcinha da vovó - universal, não?

2) string - meio diferente do nosso conhecido fio dental. Funciona assim: a calcinha inteira é feita de, literalmente, strings. Só que a parte da frente é desproporcionalmente grande e a calcinha é estruturada para ter cintura alta. Horror dos horrores.

Há exceções, claro. Mas a regra geral é essa e fico aqui pensando com meus botões: que contrasenso é esse de produzir calcinhas cada vez mais altas enquanto os jeans vão na contramão, com o cós cada vez mais baixo?